No caso da minha mãe, as coisas aconteceram de outro modo. Faleceu com 93 anos, no primeiro mês de 2011, dezassete anos e dezassete dias após a morte do meu pai. Ao princípio da madrugada do dia do seu falecimento, foi levada em ambulância, à urgência do hospital, com problemas respiratórios, problema que a afectava muitas vezes nos dias frios dos últimos invernos. Perto das 5 e meia da manhã, depois de algumas horas em tratamentos e observação, eu e a minha irmã fomos chamados pelo médico de serviço que nos confrontou com a situação do estado de saúde da nossa mãe: o coração, o sistema respiratório e outras funções vitais do corpo estavam nas “últimas”, pelo que seria de esperar o pior nas horas seguintes. Antes que tal acontecesse, eu e a minha irmã ainda tivemos oportunidade de estar junto da nossa mãe durante alguns minutos. E foi durante esses momentos, em que ela nos olhava através da máscara de oxigénio e se notava a sua tristeza e aflição, que afaguei as suas magras mãos entre as minhas e lhe disse ao ouvido, baixinho, com emoção: “Olá mãe!”. A sua morte viria a dar-se por volta das nove horas dessa manhã.
E para complementar este
texto, aqui deixo uma foto dos meus pais feita num tempo em que, creio, ainda eu
não tinha vindo a este mundo.
Nota:
Apesar de me referir às mortes dos meus pais, não há aqui e agora qualquer sinal de tristeza. É certo que escrevo este texto com saudades e muita emoção, mas também com paz e alegria. Isto porque sei uma coisa: a morte faz parte da vida.